Suspeita de fraude na Mega-Sena? Será? Mito ou verdade?
Basta o prêmio da Mega-Sena acumular para começarem os boatos – principalmente via Facebook e
Whatsapp – sobre fraudes. E algumas “situações” costumam alimentar as teorias
conspiratórias. Foi o caso do penúltimo concurso, de número 1764, que pagou o
maior prêmio dos sorteios regulares da loteria (sem considerar a Mega da
Virada). Instigados pela expectativa de uma bolada de R$ 205 milhões, alguns
apostadores entraram no site da Caixa logo após o sorteio e receberam a
informação de que o prêmio havia acumulado. Momentos depois a página informava
que havia um ganhador. Para aumentar a especulação, os últimos dois acertadores
são do Distrito Federal – que, devido aos casos recorrentes de corrupção não
goza de boa fama.
O mais recente boato
afirma que “não existe” a casa lotérica do prêmio de R$ 205 milhões. E que os
donos seriam ligados a investigados em fraudes. Algumas irregularidades já
constatadas na Mega-Sena também ajudam a alimentar dúvidas sobre a seriedade
dos sorteios. Por essas e outras, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) protocolou um
pedido de informações na Caixa. Há mais de uma década ele reúne suspeitas de
lavagem de dinheiro no pagamento de apostas vencedoras.
Mito
Existe, sim, a casa lotérica em que foi
feita a aposta que levou R$ 205 milhões no sorteio de
quarta-feira (25). Chama-se Wandys e fica na Asa Sul, em Brasília. Circula pela
internet uma imagem com os números sorteados, mas o bilhete foi adulterado em
algum programa de computador, como Photoshop.
Mito
Não, a casa lotérica
não é de Alberto Youssef (ou de um parente próximo). Também não é de em ex-deputado
acusado de irregularidades. O nome do dono da casa lotérica Wandys é Nasser
Youssef Nasr, um libanês que chegou ao Brasil na década de 50 e que é homônimo
do ex-parlamentar.
Mito
Ainda do tempo do
Orkut, circula na internet a informação de que a Polícia Federal estaria
investigando o peso das bolinhas do sorteio da Mega-Sena. Esse boato já foi
desmentido diversas vezes.
Verdade
Um deputado chegou a
dizer que tinha acertado 221 vezes na Mega-Sena. Foi João Alves, que ficou
conhecido como um dos anões do orçamento. Durante uma investigação, no início
dos anos 1990, ele justificou o patrimônio dizendo que era sortudo. João Alves
morreu em 2004, em Salvador.
Verdade
Em setembro de 2015, a Polícia Federal
deflagrou a operação Desventura, que prendeu suspeitos de
irregularidades no pagamento de loterias, entre eles o ex-jogador Edílson. A fraude
não estaria relacionada ao sorteio, mas à apresentação de bilhetes falsos
usados para reivindicar prêmios não solicitados pelos acertadores.
Verdade
Um homem usou nome
falso para sacar um prêmio de R$ 73 milhões no Tocantins, em dezembro de 2013.
O caso foi descoberto e envolvia um gerente da Caixa e um suplente de deputado.
Verdade
O senador Alvaro Dias
protocolou nesta segunda-feira (30) um pedido de explicações na Caixa. Além de
buscar esclarecimentos sobre o problema na divulgação do resultado do concurso
1764, ele quer respostas sobre outros indícios de irregularidades que tenta
investigar desde 2005. Com base em dados do Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (COAF), Alvaro alega que algumas pessoas já “ganharam” mais de 500
vezes na Mega-Sena. Seria uma forma de lavar dinheiro (dar origem lícita para
dinheiro ilícito). Há época, um inquérito policial foi aberto e ele afirma que,
até hoje, não teve respostas sobre a investigação. A suspeita, segundo o
senador, não recai sobre prêmios expressivos, que chamam muita atenção. Ele
acredita que prêmios menores são “comprados” para legitimar a origem do
dinheiro. Alvaro também pretende cobrar o andamento de um projeto de lei,
parado na Comissão de Assuntos Financeiros, que estabelece mecanismos mais
rigorosos para o pagamento de prêmios de loteria.
Esclarecimento
Em relação ao
concurso nº 1764 da Mega-Sena, a CAIXA esclarece que, exclusivamente na tela
inicial das Loterias no site, que é um resumo, houve atraso na atualização dos
dados, o que manteve a palavra “acumulou” referente ao sorteio anterior. No
entanto, desde o primeiro momento, as informações sobre o referido concurso
foram atualizadas normalmente na página específica da modalidade Mega-Sena.
Já a Federação
Brasileira das Empresas Lotéricas (Febralot) apresentou repúdio pela propagação
de um vídeo nos meios eletrônicos, que coloca em dúvida a idoneidade dos
sócios-proprietários da Wandys Loterias, Casa Lotérica instalada em Brasília,
onde foi registrada a aposta vencedora do concurso nº 1764 da Mega-Sena. A
família Nasr está sendo orientada por advogados, pela representação judicial,
pela defesa de sua reputação e imagem, junto aos veículos que reproduziram o
referido vídeo.
Informações Gazeta do Povo.