“História da Física no Recife” reflete a importância da ciência para o desenvolvimento



Em comemoração às cinco décadas de existência do Departamento de Física (DF) da UFPE, a Cepe Editora publica o livro História da Física no Recife. A obra contextualiza o momento histórico em que o departamento foi criado, em 1971, incluindo seus aspectos econômicos e políticos. Sem esquecer dos protagonistas, os cientistas, e suas memórias. Nas 316 páginas, o leitor conhecerá as causas e circunstâncias que culminaram no reconhecimento nacional e internacional de um dos melhores departamentos de Física do País. Prova desse reconhecimento foi a citação ao departamento que consta em relatório do Prêmio Nobel de Física 2021.

O livro será lançado dia 16 de dezembro, às 15h, no auditório do departamento, e contará com a presença dos quatro autores que o assinam, o engenheiro e professor aposentado Ascendino Silva, o professor-titular do departamento de Ciência da Informação da UFPE Marcos Galindo, o professor de Filosofia da USP Osvaldo Pessoa Júnior, e o professor de Física da Universidade Federal do Amazonas Wanderley Vitorino. Além do membro dos Programas de Pós-Graduação em Física e em Ciência dos Materiais da UFPE, Fernando Machado, que escreveu a introdução do título e foi coordenador do projeto nos bastidores. Destaque também para o ex-ministro de Ciência e Tecnologia e engenheiro Sérgio Machado Rezende, que ajudou a criar a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia (Facepe), em 1989.

A obra ainda conta com apresentação da atual vice-governadora, ex-secretária de Ciência e Tecnologia do Estado e engenheira Luciana Santos. “Nesse momento em que passamos por ataques ao conhecimento, numa cruzada de negacionismo e sabotagem a um projeto estratégico de Nação, é importante ressaltar que a valorização da ciência passa por decisões políticas”, declara Luciana. 

Atrelar o investimento na ciência à política é justamente o que trava o desenvolvimento. Vide os fatos. No período em que Maurício de Nassau foi colonizador, o avanço científico deu um grande salto: “o ativismo de Nassau marca, a esta época em Pernambuco, a fundação de uma tradição do fazer científico”, diz trecho do livro. Esse desenvolvimento estagnou após a expulsão do príncipe holandês. Na época do império, sob o patrocínio de D. Pedro I, foi fundado, em 1825, o Ginásio Pernambucano, escola de onde saíram muitos homens de letras e cientistas pernambucanos. D.Pedro II foi ainda mais patrono da ciência. “O segundo reinado foi marcado pela presença ativa do imperador nos assuntos relacionados à ciência e tecnologia, tendo financiado pessoalmente pesquisas, laboratórios e institutos”, revela trecho do livro. Certa vez, em visita ao Recife, em 1859, Pedro II criticou o descaso com a preservação da história local, incentivando intelectuais da Faculdade de Direito a fundar, em 1862, o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco. 

Quem também colaborou com o desenvolvimento urbano do Recife foi Francisco do Rego Barros (1837–1844), o Conde da Boa Vista, quando ocupou o cargo de presidente da província de Pernambuco. “Rego Barros cercou-se de competentes engenheiros franceses e alemães, liderados por Louis Léger Vauthier (1815-1901), que imprimiram a nova feição urbanística à província”. Patrono das ciências e das artes, foi do conde a iniciativa de construir o Teatro Santa Isabel.

Em meio à predominância da desigualdade social - em consequência do descaso da elite agrária com o conhecimento científico - algumas vitórias do desenvolvimento se fizeram por aqui, como fundação da Sudene, em 1959, capitaneada pelo economista Sérgio Furtado. Diz o livro que a autarquia “mobilizou um exército de pesquisadores dos mais variados campos do conhecimento e contribuiu decisivamente para o desabrochar da vocação de pesquisa científica sistemática e os estudos pós-graduados na UFPE”. 

Considerável quantidade de páginas são dedicadas ao engenheiro e professor recifense Luís Freire (1896-1963), pioneiro da ciência no Brasil, membro do CNPq e fundador do Instituto de Física e Matemática, em 1952, dentro da Escola de Engenharia de Pernambuco, de onde se originou o departamento de Física e a própria UFPE. “A trajetória de nossos(as) físicos(as) se confunde também a própria história de luta política por uma sociedade inclusiva e mais justa”, declaram Alfredo Gomes e Moacyr Araújo, respectivamente reitor e vice-reitor da UFPE.  

Serviço:

Lançamento do livro História da Física no Recife (Cepe Editora), com participação dos autores Ascendino Silva, Marcos Galindo, Osvaldo Pessoa Júnior e Wanderley Vitorino

Quando: 16/12

Onde: Departamento de Física da UFPE

Horário: 15h

Preço: R$ 80 (livro impresso); R$ 24 (e-book)