Extratos bancários mostram que, entre 2015 e 2018, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) recebeu 1.512 depósitos em dinheiro vivo

Flavio Bolsonaro recebendo afago de seu pai Jair Bolsonaro.

Extratos bancários mostram que, entre 2015 e 2018, a loja de chocolates do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) recebeu 1.512 depósitos em dinheiro vivo. A informação foi divulgada pela TV Globo na última quinta-feira 20, com base nas investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).


Segundo os procuradores, os valores são desproporcionais ao faturamento da franquia e as datas dos depósitos coincidem com o período em que o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz arrecadava parte dos salários dos servidores da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), na época em que Flávio era deputado estadual.


Pelo documento da investigação, em 28 de novembro de 2016, por exemplo, foram sete depósitos fracionados de 3 mil reais. No dia 18 de dezembro de 2017, mais 10 depósitos de 3 mil e no dia 25 de outubro de 2018 foram 11  de 3 mil.


Na época, qualquer movimentação bancária acima de 10 mil reais deveria ser notificada às autoridades de controle financeiro que investigam lavagem de dinheiro. A suspeita é de que o fracionamento visava evitar a fiscalização.


Lavagem de dinheiro


MP-RJ investiga se a compra de uma franquia da Kopenhagen pelo senador foi usada para lavar dinheiro.


Os promotores suspeitam que ao menos 2,1 milhões de reais possam ter sido “legalizados” com a aquisição e com a movimentação financeira da loja.


Parte do valor seria desviado do suposto esquema de “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Alerj.


O dinheiro teria sido lançado como venda de chocolates, em dinheiro vivo, para dissimular a origem dos recursos, registram os autos.


Esquema das rachadinhas


Quebra de sigilo bancário identificou que salários de assessores eram lançados nos registros de comercialização da Bolsotini Chocolates e Café.


Os promotores identificaram a omissão no Imposto de Renda, após cruzamento de dados bancários e fiscais de Flávio e sua esposa, Fernanda Bolsonaro, que tiveram o sigilo quebrado em abril de 2019, com autorização do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).


O senador nega as acusações de crime e afirma que todas as operações financeiras da loja são legais e fruto de recursos próprios, declarados regularmente à Receita.


Ex-assessores sacaram ao menos 7,2 milhões


Investigações ainda apontam que ex- assessores do senador sacaram, em dinheiro vivo, pelo menos 7,2 milhões de reais. O valor corresponde a 60% do que os servidores receberam dos cofres públicos fluminenses.


As datas das retiradas, de acordo a investigação, correspondem a períodos em que o senador pagou despesas usando dinheiro em espécie.


O cálculo considera 24 ex-funcionários do atual senador quando ele era deputado estadual no Rio e exclui valores sacados pelo ex-assessor Fabrício Queiroz – que, segundo os promotores, seria o operador do suposto esquema.