O que leva o homem à crer ou não em Deus?

Contemplando Deus na natureza, num fim de tarde em minha cidade, Barreiros, interior de Pernambuco.
Quantas e quantas vezes você foi levado, por alguma razão, a acreditar em alguma coisa que naquele período, naquele tempo, era cem por cento certa? Todos nós, em algum momento, se não defendeu, certamente defenderá alguma tese, algum tema, e por isso brigará, com unhas e dentes contra tudo e contra todos, menos contra aqueles que naquele instante "está de acordo" com seus pensamentos, suas ideias, suas crenças... Afinal de contas, como sabemos, um ideal não vem apenas de uma única ideia. Ele nasce em uma, em outra pessoa, e depois em duas, três, e por aí, sucessivamente, até conseguir chegar á cabeça de outras tantas, que em conjunto, formam uma ideia coletiva. Uma doutrina.

No geral, nossos idealismos começam à aflorar em período escolar. Professores espertos e inteligentes encontram em seus alunos aqueles ou aquelas que possivelmente poderão ser líderes. Estes, por sua vez, destacam-se e logo passam à ser notados. E quando bem aproveitados eles poderão fazer um diferencial. Se ele ou ela forem chamados para uma conversa em que um ponto de apoio à nível popular possa convergir para o bem da escola, desde que ele aceite, ficará bem mais interessante tratar do assunto com ele para que passe à seus colegas, e rapidamente tenha-se uma corrente de novas cabeças pensantes, á começar por um.

Mas também, o outro lado pode existir. Por ciumes ou despeita, ou qualquer razão que desconheçamos, alguém, em algum momento não concordará dessas ideias. E por sua vez, encabeçado por um outro líder, de um outro grupo, um pequeno conflito de ideias/interesses pode surgir. O dogma.

Isso é bom ou é ruim? Acredito que é bom! Afinal de contas com ideias diferentes, pode-se entrar aí um outro fator, não menos interessante, para apaziguar os conflitos. O que eu chamo de a idéia do meio

Sendo assim "os formadores de opinião" de um grupo trava uma guerra com um outro grupo. E no meio deles encontra-se o meio termo. Diante de questionamentos aqui e ali, chega-se à um denominador comum. Isso, claro, quando permite-se um diálogo amigável. Caso não, gera-se uma guerra tamanha, ao ponto de a pequena rixa se crescer a enormes desavenças, criando inimizades, por pouca coisa que se podia resolver, desde que um dos lados cedesse.

A sociedade é gerida por conflitos, desde o inicio dos tempos. Assim como também, somos geridos por crenças particulares, ou a falta dela, muitas vezes gerada pela força das religiões.

Você já parou para pensar porque alguns ateus são ateus?

Alguns, em sua infantilidade dirão, que é porque "eles não tem Deus". Outros ainda, culparão os pais daquela pessoa por não terem levado-as ás igrejas para assistir as missas ou aos cultos quando ainda eram crianças, quando ainda se podia plantar a semente do "evangelho" de suas igrejas nelas. Ou quem sabe, as levaram demais aos cultos para verem os pastores daquelas igrejas gritarem ao pé dos ouvidos deles que "Deus está vendo seus passos e pode lhes levar ao inferno ardente, se não aceitá-lo como seu salvador pessoal". Uma exigência de escolha em que o ser absoluto nos impõe. Se escolhermos seguir algo que desconhecemos, somos salvos, se optamos por não abraçar algumas ideias irreais, somos punidos e levados ao lago de fogo e enxofre "criados para Satanás e seus anjos". Anjos estes, supostamente criados por Deus para nos tentar e nos desviar.

Muitos são os fatores que podem levar uma pessoa á mudar de ideia, de opinião. Assim como muitos são os fatores que podem levar alguém à optar pelo partido político tal ou qual. Alguém pode gostar de chocolate, e outros não. Alguns adoram café, outros abominam ao ponto de sentirem ojeriza.

Com a religião e a crença por serem de ordem particulares, estas, que não deveriam de forma alguma ser impostas, são de escolhas íntimas, fazendo inclusive com que tenhamos crenças particulares até determinada idade e depois, com a adolescência à vista e a maturidade sem seguida, venhamos à mudar radicalmente para um outro ponto de vista, sem perder, jamais, a nossa individualidade.

Posso estar errado no que penso agora, mas acredito que os principais responsáveis pela falta de crença e principalmente pelo ateísmo, venham, em sua grande parte dos líderes religiosos; de todas as crenças religiosas; dos pais e mães que ainda não desenvolveram uma crença íntima segura, portanto não são capazes de influenciar positivamente seus filhos, e ainda, das grandes perguntas que formulamos todos os dias, mas que não conseguimos encontrar respostas nas religiões oficiais.

A religião, em sua grande maioria, tem levado uma leva enorme de pessoas á descrença de um criador, já que a mesma, por não se entender, não explicar, complica muito mais, com suas divisões do que se pode imaginar, tem levado pessoas à questionamentos tais que a descrença entra na vida de muitos como uma fuga. De onde viemos? Para onde vamos? Por que estamos aqui? Existe Céu e Inferno? Por que Deus criou o mau? Qual o sentido das religiões, milhares? Qual o sentido da vida? Etc... Etc... Etc...

Só quando, e tão somente, a religião for concorde com as grandes descobertas da ciência, bem como dos questionamentos filosóficos, a humanidade poderá encontrar o caminho do meio para a libertação de si mesma.

Até lá, muitas águas poderão rolar debaixo das pontes da crença e da descrença. O ser humano, como um todo, está constantemente em busca de respostas ás suas questões, e é preciso o agente do meio para que tudo finalmente se encaixe.

Somos levados à crença quando encontramos respostas. Somos levados à descrença quando as respostas não são satisfatórias às perquirições humanas.

* As imagens acima foram tiradas por mim dia 12 de Fevereiro de 2015 em Barreiros-PE