Em solidariedade às deputadas negras ameaçadas pela extrema-direita PSOL envia carta a parlamento português.

A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados protocolou um ofício na tarde da última segunda-feira (17) que seguiu como carta ao presidente da Assembleia da República Portuguesa para se solidarizar com deputadas negras de Portugal após grupo racista “dar48 horas para que elas deixassem o país.



Na semana passada, uma mensagem enviada às deputadas negras, e também às lideranças antirracistas de Portugal, dizia que “(…) o medo irá mudar de lado. Para cada nacionalista preso, um antifa será enterrado. Para cada cidadão morto, dez estrangeiros serão eliminados”. O grupo também ofendeu homossexuais e transgêneros. E esse não é o primeiro recado.

No documento, os deputados do PSOL repudiam o ocorrido com a deputadas portuguesas e também ressaltam que no Brasil grupos extremistas são negligenciados e até mesmo estimulados por Bolsonaro.

Oferecemos ao povo português nosso total apoio nesta batalha por igualdade e justiça, a qual também travamos diariamente no Brasil. Lamentavelmente, o racismo que sempre assolou nosso país ganha contornos mais perversos sob o governo de Jair Bolsonaro, e as ameaças à nossa democracia vêm tanto de grupos extremistas quanto do próprio governo. Mais do que nunca, estamos juntas e juntos e, em ambos os lados do Atlântico, não nos deixaremos intimidar e seguiremos lutando”, diz um dos trechos da carta.

Leia a carta na íntegra:

Ao Excelentíssimo Senhor
Eduardo Ferro Rodrigues
Presidente da Assembleia da República Portuguesa

Senhor Presidente,

Recebemos com grande indignação as notícias sobre as ameaças endereçadas às senhoras deputadas Joacine Katar Moreira, Beatriz Gomes Dias, e Mariana Mortágua, assim como a dirigentes de organizações e movimentos sociais que lutam contra o racismo e pelos direitos de imigrantes em Portugal. Expressamos nossa total solidariedade a todas as vítimas desses ataques e repudiamos veementemente o racismo, a xenofobia e o autoritarismo.


Diante de mais este episódio na escalada de agressões promovida por grupos de extrema‐direita em Portugal, urge que os responsáveis sejam investigados e respondam à lei. Ecoamos os apelos para que as autoridades portuguesas garantam a integridade física das pessoas ameaçadas e de suas famílias, assim como o pleno exercício das liberdades democráticas de todas e todos que levantam as bandeiras antirracistas e antifascistas.


Oferecemos ao povo português nosso total apoio nesta batalha por igualdade e justiça, a qual também travamos diariamente no Brasil. Lamentavelmente, o racismo que sempre assolou nosso país ganha contornos mais perversos sob o governo de Jair Bolsonaro, e as ameaças às nossa democracia vêm tanto de grupos extremistas quanto do próprio governo. Mais do que nunca, estamos juntas e juntos e, em ambos os lados do Atlântico, não nos deixaremos intimidar e seguiremos lutando.

Atenciosamente,
Áurea Carolina
David Miranda
Edmilson Rodrigues
Fernanda Melchionna
Glauber Braga
Ivan Valente
Luiza Erundina
Marcelo Freixo
Sâmia Bomfim
Talíria Petrone