Cantar o Hino Nacional não te faz patriota, tão pouco mulher ou homem de bem!


Mau completou dois meses de mandato, e já vimos algumas diatribes por parte do governo Bolsonaro. Algumas dessas cometidas por ele, que depois voltou atrás, e depois ele mesmo voltou atrás do que antes tinha voltado atrás. Parece brincadeira, mas não é não. Estamos falando do novo poder à frente do país, baseado numa onda de "patriotismo idiotizado".

Vindo de um grupo de militares, com ideias supostamente militarizadas, o atual governo tem nos mostrado já desde as eleições que ele não tem poder e nem força de decisões. Antes, à bem da verdade o que ele diz não se escreve. Ou melhor, escreve-se sim, mas não tem valor.

Bolsonaro tem falando de patriotismo, no entanto, tem dado demonstração de não ser nada do que ele diz ser. Haja vista a "contratação" do Ricardo Velés que sequer é brasileiro para administrar a pasta do Ministério da Educação. Ricardo Veléz é colombiano, não nasceu no Brasil. 

Claro que isso não quer dizer muita coisa, mas é uma citação que vale à pena colocar aqui, para que muitos de seus seguidores ferrenhos, que nem sabem quem é quem à frente do novo governo federal possam ao menos repensar seus pontos de vistas, muitos distorcidos. O que por sinal, desses tais que ajudaram à eleger Jair Messias já mostra uma atuação vergonhosa. Afinal, do que adianta eleger alguém se não fiscaliza-o?

O Ministro Veléz, numa de suas primeiras falas, desastrosas por sinal, fez duas acusações absurdas contra os brasileiros, estando à frente do poder da pasta da Educação Nacional, dizendo que somos canibais e ladrões. Uma fala que mostra o quanto há XENOFOBIA no governo de Bolsonaro. Na minha humilde opinião, tal fala já seria motivo de exoneração desse ministro, não brasileiro, do cargo. Mas, o fraco Jair Messias, não tem poder de tirar o cara por conta, certamente dos acordos escusos. 

Não foi o caso de Bebiano, que era Ministro, e que foi chamado de mentiroso, mas que por provar que quem estava mentindo era o presidente e o filho dele, Carlos Bolsonaro, foi "demitido" em menos de dois meses de atuação à frente de mais um ministério bolsonariano.

Depois de ter-nos chamado à todos, generalizando, de ladrões e canibais, o ministro da Educação resolve querer agradar, as avessas, e institui que em todas as escolas sejam gravados vídeos de crianças, mesmo sem a autorização dos pais, cantando o Hino Nacional, como certo ritual. E ordena, fechando sua carta com a mesma frase da campanha (que por si só já era motivo de abrir-se um processo contra a atual gestão) que sejam todos os vídeos remetidos para a pasta dele, dando sinais claros de querer controlar (volta da ditadura?) todas as escolas, passando a entender que poderá haver punição para as escolas que não lhes obedecer. O ato do Ministro ia contra vários direitos, principalmente do direito das crianças, conforme pode-se se conferir no ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente.

Depois das várias críticas, recheadas de razão, por sinal, finalmente voltaram atrás e pediram uma falsa desculpa, porém, modificando alguns trechos da mesma carta enviada as escolas de maneira ditatorial.

No entanto, ainda, o que vemos nas redes sociais são "teleguiados" que compartilham tudo o que o MECANISMO de memes e fakes lhes envia, nos grupos e demais redes,  dando à entender que há um movimento contrário ás cantatas do Hino Nacional, e de cheio, claro, os acusados de serem contra esse suposto ato de patriotismo são as lideranças de esquerda, pra variar.

Os mesmos teleguiados passam depois à espalhar vídeos em que em algumas escolas, sejam elas municipais, estaduais ou mesmo federais que vê-se meninos, meninas, de várias idades, dançando Funk, ou outras músicas do gênero que caracterizam a sensualidade corporal. O que por si só, é inadmissível! Mas usam tais vídeos para contrapor à canção do Hino Nacional. E fazem a pregação, mentirosa, dizendo que a esquerda estimula tais músicas e são estes, segundo eles, os responsáveis pela suposta proibição da execução da música patriótica nas escolas de nosso Brasil.

Os teleguiados não falam no entanto, ou talvez alguns deles nem sabem, que ao MANDAR QUE SEJA EXECUTADO O HINO NACIONAL BRASILEIRO, da forma que foi imposto, o Ministro de Bolsonaro infligiu leis brasileiras, ou seja, em outras palavras ele agiu contra o mesmo Brasil que diz estar defendendo.

Além do mais, é fato sabido que cantar uma música ou um hino não transforma a pessoa em um ser melhor. Vamos e convenhamos que há milhares de presidiários, atrás das grades, que conhecem de cor e salteado, a canção nacional. 

Muitos deles tocam em instrumentos musicais de maneira harmoniosa ou cantam com verdadeira perfeição. Conhecer o Hino Nacional desde sua infância, não os impediu de cometer atos de infração contra as leis brasileiras.

Muitos políticos sujos, ladrões comprovados, não desconhecem o Hino Nacional, e nem por conhecer tal canção, os impediu de cometer diversos crimes contra a pátria.

Os milicianos que mataram Marielle Franco, muitos destes, segundo as acusações, foram homenageados por Flávio Bolsonaro, sob a execução do Hino Nacional. Isso os impediu de cometer crimes? Certamente que não!

O próprio Flavio Bolsonaro, filho de Bolsonaro, conhece, com toda certeza o Hino Nacional, certamente deve conhecer o hino de seu estado e talvez até de seu município, e tal conhecimento não o impediu de "contratar" laranjas para o uso de desvio de dinheiro público na ALERJ, segundo denúncia, e que como todos já sabemos, o mesmo exigiu para que tal investigação, que é inicialmente contra seu motorista, fosse suspensa, já que ele sabe que em dando seguimento, chega-se facilmente à ele. No entanto, um dos ministros resolveu, no mês passado reabrir o caso, o que poderá levar o filho do presidente à prisão, se comprovadas todas as acusações que pesam contra os assessores dele e ele mesmo.

Conhecer o Hino Nacional não impediu que Carlos Bolsonaro humilhasse publicamente um dos Ministro do governo do pai, colocando em crise toda gestão de seu genitor, à frente do poder nacional.

Conhecer o Hino Nacional, não impediu que Jair Messias Bolsonaro exaltasse um torturador, quando estava na câmara em votação pela retirada da ex-presidente, Dilma Vana Rousseff, tão pouco que o mesmo usasse dinheiro público, mesmo tendo casa na mesma localidade em que recebe o Auxílio Moradia. E ainda, que o mesmo usasse de frases como aquela em que ele diz que "é pra metralhar a petralhada", dentre outras.

Ou seja, há vários exemplos, mas é certo que cantar o Hino Nacional Brasileiro não nos transforma, principalmente de maneira milagrosa, em pessoas boas nem em homens e mulheres de bem.

Conhecer o Hino Nacional, não fez com que um dos bispos da Igreja Católica aceitasse dinheiro de corrupção, conforme a "confortável" denuncia de Sergio Cabral, em que há ligações deste religioso com Jair Messias Bolsonaro.

Você pode ir à igreja e cantar hinos, ou fazer rezas à Deus, todos os dias, mas isso não quer dizer que esteja livre de cometer um ato inflacionário em algum momento. Afinal, o verdadeiro homem ou mulher de bem esforça-se todos os dias para reformar suas vidas, diariamente, reconhecendo que é falível, independente de ser religioso ou não.

Assim como rezar todos os dias pode não nos fazer homens e mulheres de bem, já que repetir é fácil, cantar um hino nacional, não nos transforma, apesar de toda tentativa de doutrinação.

Ao contrário do que dizem os teleguiados de Bolsonaro, a esquerda ou aqueles que não votaram na atual gestão federal, não tem nada contra cantar e aprender o Hino Nacional de nosso país. Muito pelo contrário, somos nós os principais favoráveis à que seja ensinado à nossas crianças. Até por que, temos que aprender desde cedo o respeito à nossa pátria. Mas é preciso reconhecer que de maneira doutrinária e ditatorial, não é o caminho.

E olha que quem está escrevendo aqui é alguém que conhece muito bem e tem orgulho de cantar nosso Hino Nacional. O que não quer dizer que eu seja melhor do que qualquer um de vocês, tão pouco pior.

É preciso que pais e mães ensinem às suas crianças o valor de se amar sua pátria. É também necessário que as escolas incutem nas mentes dos aprendizes a valorização de nossas terras brasileiras, sem estuprar suas mentalidades. É importante que as escolas, principalmente as de ensino fundamental e médio, ensinem a história de nosso país.

Mas o que não podemos, de maneira nenhuma, forçar alguém, contra sua vontade conhecer ou cantar um hino. Não há por que tentar doutrinar alguém, seja ela em que nível for. Afinal, todos sabemos que quando uma situação é forçada, não há aprendizado de verdade.