Ossesio Silva registra 128 anos da abolição da escravatura com críticas ao racismo e à desigualdade‏


Ao registrar a passagem dos 128 anos da abolição da escravatura no Brasil, celebrados no último dia 13, o deputado Bispo Ossesio Silva (PRB) repudiou, na Reunião Plenária desta terça (17), a persistência do racismo e das desigualdades sociais no País. O parlamentar, que coordena a Frente de Combate ao Extermínio da Juventude Negra em Pernambuco, frisou que a violência, o encarceramento massivo e a falta de oportunidades prejudicam mais fortemente a população negra.

Silva lembrou que o patrono da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Joaquim Nabuco, foi um abolicionista, porém, mais de um século após a assinatura da Lei Áurea, “os traumas raciais continuam vivos”. O deputado citou pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontando que a taxa de homicídios de negros é cerca de 130% maior que a do restante da população. Segundo ele, o racismo e as diferenças no acesso a emprego, moradia, estudo e renda continuam influenciando essa realidade.

“Para Joaquim Nabuco, a história da escravidão na América era um abismo de degradação e miséria. Já o antropólogo mineiro Darcy Ribeiro disse que o Brasil, último País a acabar com a escravidão, ‘tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade e descaso’”, citou, ao lamentar a falta de políticas públicas nas comunidades quilombolas pernambucanas.

O deputado criticou, ainda, as altas taxas de encarceramento dos afrodescendentes e tratou de novas formas de exploração de mão de obra em condições precárias, praticadas sobretudo pelos setores madeireiro, carvoeiro, de mineração, construção civil e nas lavouras de cana-de-açúcar, algodão e soja. Ele destacou que mil pessoas foram retiradas de condições análogas à escravidão em 2015, conforme balanço do então Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS). O parlamentar também registrou que a ONG internacional Walk Free Foundation estima que haja no Brasil 200 mil pessoas realizando trabalho forçado. Ossesio Silva repudiou, ainda, o racismo praticado por meio das redes sociais.

Em aparte, Professor Lupercio (SD) elogiou a iniciativa do colega de tratar do tema no Plenário da Casa. “O preconceito existe. Nos sistemas prisionais, o que a gente mais vê é pobre e preto”, disse. Sílvio Costa Filho (PRB) ressaltou que, segundo estatísticas mais recentes, mais de 70% dos jovens entre 15 e 29 anos assassinados no País são negros. “São, muitas vezes, desempregados que não tiveram a oportunidade que merecem”, observou.