SUA MAJESTADE CHICO BUARQUE DE HOLANDA 70 ANOS

Quando se fala de um trabalho musical, poético, lírico, contestatório, romântico e histórico, a maior referência sem dúvida nenhuma é Chico Buarque de Holanda. Ao longo de sua carreira e exercício permanente de criatividade, Chico marca sua presença de forma linear através dos tempos, influenciando gerações que deleitaram-se em suas letras musicais que falam de paixões, sonhos, amores, traições, protestos políticos e sociais. Ninguém melhor do que ele povoou o universo feminino com tanta maestria.

Na peça A ÓPERA DO MALANDRO, Chico fala do amor de Teresinha: “O MEU AMOR TEM UM JEITO MANSO QUE É SÓ SEU E QUE ME DEIXA LOUCA QUANDO ME BEIJA A BOCA...”, “de Lúcia, que compartilha seu amor com Teresinha pelo amado:” “O MEU AMOR TEM UM JEITO MANSO QUE É SÓ SEU, QUE ROUBA OS MEUS SENTIDOS, VIOLA OS MEUS OUVIDOS COM TANTOS SEGREDOS LINDOS E INDECENTES...”, trata dos amores frustrados e das dores pungentes na letra de OLHOS NOS OLHOS:” QUANDO VOCÊ ME DEIXOU, MEU BEM ME DISSE PRA SER FELIZ E PASSAR BEM, QUIS MORRER DE CIÚME, QUASE ENLOUQUECI...”.

Chico Buarque canta “Ritas”, “Renatas”, “Marias”, “Madalenas”, “Angélicas”, “Januárias, sempre com reverência de quem entende como único, a alma feminina e seus sabores e dessabores”. Em sua amplitude criativa, Chico tem uma visão arguta da questão social, dos becos imundos da indiferença, retratada na letra da música O MEU GURI: “QUANDO, SEU MOÇO, NASCEU MEU REBENTO NÃO ERA O MOMENTO DELE REBENTAR, JÁ FOI NASCENDO COM CARA DE FOME...”, entende a questão da terra como concentração fundiária na música FUNERAL DE UM LAVRADOR: “ESTA COVA EM QUE ESTÁS COM PALMAS MEDIDAS É A CONTA MENOR QUE TIRASTES DA VIDA...”.

O mestre Chico Buarque, engaja suas letras de protestos políticos contra a ditadura militar/civil, compondo canções impecáveis de uma História real. CÁLICE é uma obra prima desse período: “PAI, AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE DE TINTO VINHO DE SANGUE...” “e continua com a letra magnífica da música APESAR DE VOCÊ” HOJE VOCÊ É QUEM MANDA FALOU TÁ FALADO NÃO TEM DISCUSSÃO...”.

Chico fala de samba em suas letras, escreve memórias e cotidianos, invade o universo infantil na literatura, ama o amor, abraça as paixões, rejeita preconceitos e conceitos formais. Com uma existência eclética na criação artística, literária e teatral, o letrista único, comemora hoje 70 anos, conquistando até aqueles que lhe ouve pela primeira vez. Vida longa para o maior ícone da MPB.


Escrito por César Oliveira Jornalista e cronista.