O NEGRO DA CAPA PRETA

O Brasil não é, nunca foi e nunca será um pais social e jurídico que historicamente trilhasse o caminho da justiça jurídica e da equidade social. No seguimento da linha do tempo de nossa história, podemos observar as gritantes disparidades no binômio Direito/Sociedade. Vamos aos fatos históricos: Fomos explorados pelos portugueses com leis criadas por eles e para eles. Na formação social, nossos habitantes naturais(Índios), foram considerados selvagens. Na construção da nação, tivemos os negros africanos como escravos, oprimidos e reprimidos. O branco dominador elitista, defendendo a supremacia do poder econômico. “Uma independência arranjada e direcionada ao ‘STATUS QUO” (posição social) dominante. A formação do Estado positivista (norma jurídica), baseado em leis importadas das elites europeias. Uma abolição da escravatura que revoga a opressão, mas não a "repressão". A passagem para uma sociedade hierárquica que gerou uma forte aproximação entre os conceitos de raça e status, com flagrante e total prejuízo das pessoas Negras. O pensamento eurocêntrico que justificava a inferioridade racial do negro e dos nativos, por meio de uma antropologia física, intelectual ou quaisquer outros critérios. Com tudo isso, com esses dados históricos, legitimaram-se a condição servil de nossa nação. O negro Presidente do STF (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL)o ilustre magistrado JOAQUIM BARBOSA , conhece profundamente os corredores da história discricionária do Brasil. Em um país loteado por oportunistas, por uma elite defensora do BRANQUEAMENTO RACIAL, ter na mais alta corte jurídica um negro, é um atentado a "zona de conforto" do dominador. O magistrado JOAQUIM BARBOSA fez história em nossa sociedade, representou a voz dos que são calados pela força, dos que tem obrigações sem direitos, dos que defendem a cidadania como isonomia social e jurídica. Ele foi o "DAVI NEGRO" do povo oprimido do nosso país, a justiça em movimento de forma horizontal. Sua aposentadoria precoce, deixa órfão os homens e mulheres de bem, faz chorar o espirito de justiça. Excelentíssimo senhor juiz JOAQUIM BARBOSA, o "NEGRO DA CAPA PRETA" que reverencia o equilíbrio da balança da deusa TÊMIS, a guardiã dos juramentos dos homens e da lei.

Escrito por Cezar de Oliveira