Performance artística e pedofilia ou má interpretação intencional?

Antes de ler o texto que segue abaixo, entenda o que é pedofilia, para que se possa definir uma coisa da outra, com discernimento.

O que é pedofilia? - A pedofilia está entre as doenças classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) entre os transtornos da preferência sexual. Pedófilos são pessoas adultas (homens e mulheres) que têm preferência sexual por crianças – meninas ou meninos - do mesmo sexo ou de sexo diferente, geralmente pré-púberes (que ainda não atingiram a puberdade) ou no início da puberdade, de acordo com a OMS.

O código penal considera crime a relação sexual ou ato libidinoso (todo ato de satisfação do desejo, ou apetite sexual da pessoa) praticado por adulto com criança ou adolescente menor de 14 anos. Conforme o artigo 241-B do ECA é considerado crime, inclusive, o ato de “adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.”

A maioria dos pedófilos são homens, e o que facilita a atuação deles é a dificuldade que temos para reconhecê-los, pois aparentam ser pessoas comuns, com as quais podemos conviver socialmente sem notar nada de anormal nas suas atitudes. Em geral têm atividades sexuais com adultos e um comportamento social que não levanta qualquer suspeita. Eles agem de forma sedutora para conquistar a confiança e amizade das crianças.

Pedófilos costumam usar a Internet pela facilidade que ela oferece para encontrarem suas vítimas. Nas salas de bate-papo ou redes sociais eles adotam um perfil falso e usam a linguagem que mais atrai as crianças e adolescentes. Por isso é muito importante não divulgar dados pessoais na Internet, como sobrenome, endereço, telefone, escola onde estuda, lugares que frequenta, e fotos, que podem acabar nas mãos de pessoas mal intencionadas.

De acordo com Anderson Batista, fundador do site Censura, “às vezes, a criança envia uma foto para um colega de classe e essa imagem acaba caindo na rede dos pedófilos. Ou porque alguém ligado ao colega que recebeu a foto está numa rede de pedofilia, ou porque a imagem foi colocada em algum blog e, com isso, se tornou pública”.

Performance artística e pedofilia ou má interpretação intencional?

"Desde a última quinta-feira (28), as redes sociais foram tomadas pela polêmica em torno da performance no Museu de Arte Moderna no qual o artista Wagner Schwartz ficava nu e se deixava manipular pelo público, tendo sido tocado por uma criança que assistia a apresentação.

Mais de dois milhões de links sobre a performance, acusada de estimular a pedofilia, foram compartilhados. O tema foi, de longe, o mais discutido no fim de semana nas redes sociais.

Mas a controvérsia não é sobre o que parece ser. O debate parece ser sobre proteção à infância ou sobre a irresponsabilidade dos artistas, mas, quando analisado de perto, se vê que é, na verdade, apenas uma estratégia dissimulada da direita para manipular o público e fazer avançar a agenda liberal de privatizações e redução dos serviços públicos.

O caso da performance no MAM acontece logo após um caso muito parecido no qual uma exposição no Santander Cultural em Porto Alegre foi acusada de promover a pedofilia e a zoofilia, tendo sido cancelada após protestos.

Por trás das duas campanhas, uma coisa em comum: um conjunto de organizações de direita que acusam a esquerda de promover o desvio e o crime sexual por meio das artes.

Como se vê num levantamento das matérias e posts mais compartilhados no Facebook, os principais promotores da campanha foram o MBL, o Instituto Liberal de São Paulo, o prefeito de São Paulo João Doria, o senador Magno Malta, os políticos da família Bolsonaro e o senador ruralista Ronaldo Caiado.

Eles estão fazendo o que os americanos chamam de "guerras culturais": estão manipulando a opinião pública, explorando a justa preocupação da sociedade com a proteção da infância, apenas para fazer avançar uma agenda oculta de redução dos serviços públicos.

O principal agitador da campanha contra o MAM foi o Movimento Brasil Livre, o MBL. O grupo foi o primeiro a denunciar a exposição e fez, desde o dia 28, dezenas de postagens na sua página de Facebook e no seu site, o Jornalivre.

As matérias do Jornalivre sobre o tema, somadas, chegaram a quase 500 mil compartilhamentos, cerca de um quarto de tudo o que se compartilhou sobre a polêmica nos últimos dias.

O MBL é um agrupamento político que descobriu que poderia usar o sentimento de revolta da população contra a corrupção para promover ideias liberais, já que o principal alvo da Lava Jato, na sua fase inicial, era o PT, um partido de esquerda.

O grupo foi um dos principais promotores das manifestações que pediram o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas depois que Dilma caiu e o presidente Michel Temer assumiu, o MBL mudou de postura: passou a minimizar as pesadas denúncias de corrupção que pesam contra Temer e passou a apoiar abertamente seu governo e sua impopular agenda de reformas liberais.

Assim como surfou cinicamente na onda anticorrupção para promover uma agenda oculta, o MBL insufla agora uma cruzada moral contra as artes, na qual não parece acreditar de verdade.

A princípio, não parece haver qualquer relação entre uma performance artística num museu e uma campanha contra a esquerda. Mas o MBL e outros grupos de direita fizeram questão de deixar claro que, ao atacar as artes, estavam na verdade atacando a esquerda.

Num dos posts mais compartilhados sobre o assunto, um dos líderes do MBL, Fernando Holiday diz que a performance "é a implementação de uma agenda ideológica da esquerda".

O Instituto Liberal de São Paulo, numa imagem que teve 280 mil compartilhamentos, argumentou, por sua vez, que, "para a esquerda, mãe que leva filha para tocar em homem nu é arte".

Em vídeo compartilhado no Youtube, o delegado Francisco Francischini disse que a esquerda "tem interesse político-partidário em destruir a família" e matéria do site Ceticismo Político, que teve 40 mil compartilhamentos, acusou a performance de fazer parte da "narrativa da extrema-esquerda".

O próprio fato que gerou a polêmica, se olhado de perto, parece, no mínimo, desproporcional com a repercussão – o que sinaliza os interesse políticos que o promovem. Na performance, o artista Wagner Schwartz dialoga com uma obra da consagrada artista Lygia Clark, chamada "bicho", uma escultura de metal com dobradiças que pode ser livremente manipulada e rearranjada pelo público.

Na performance, Schwartz manipula uma réplica de plástico de uma das esculturas de Clark e convida o público a fazer o mesmo com seu corpo nu, como se fosse uma peça viva da artista. A obra não tem nenhuma conotação erótica e o MAM responsavelmente sinalizou ao público que a apresentação continha nudez.

Uma coreógrafa que acompanhava a performance aceitou o convite do artista e, junto com sua filha, tocou o pé de Schwartz. Foi essa cena em que uma criança toca o pé de um homem nu, com a supervisão da mãe, no contexto de uma performance artística sem qualquer conteúdo erótico que a direita explorou em sua campanha política contra a esquerda.

Logo, a cena passou a ser retratada nas redes sociais como se a esquerda estivesse em uma campanha sinistra, estimulando crianças a tocarem em um homem nu, em "cena libidinosa", "condenada e absolutamente imprópria", como disse, por exemplo, o prefeito de São Paulo, João Doria, aliado do MBL.

A direita aproveitou a grande desconexão das artes visuais com o público –que não entende os caminhos do desenvolvimento formal da linguagem – para tirar a obra do seu contexto e transformar uma performance inócua em uma pérfida apologia da pedofilia.

Assim, sem qualquer constrangimento, o ativista de direita Alexandre Frota, um ator de filmes pornô, pode se alvoraçar em campeão da moralidade e ir ao museu agredir verbalmente funcionários e visitantes os chamando de "pedófilos".
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Alexandre Frota em cena pornô com dois homens, hoje um "exemplo" de moral e bons costumes.
Também parece cínica a campanha do MBL. Como mostrou reportagem da Folha, o agrupamento foi fundado por Pedro D'Eyrot, um dos membros do Bonde do Rolê, um grupo musical que explora amplamente temas de sexualidade não convencional.

Pedro D'Eyrot, do Bonde do Rolê, é um dos fundadores do MBL
Criador do MBL tem performances extravagantes em encenações, atualmente, suposto lutador à favor da moral

Esses atores políticos não são campeões da moralidade da família – eles estão usando a sensibilidade dos brasileiros com o abuso sexual de crianças para fazer uma campanha contra a esquerda, o que abriria espaço para sua agenda oculta de diminuição do Estado e de redução do financiamento de escolas e hospitais." (Autor desconhecido)

Ante o exposto acima só nos resta perguntar: afinal de contas para qual dos lados pender para entender entre os acusadores e acusados?