REJEITADO - Bolsonaro tenta se reaproximar do PSL e causa insatisfação entre aliados do partido que o elegeu e que ele abandonou depois que foi empossado Presidente.

Jair Bolsonaro e Luciano Bivar

CONGRESSO EM FOCO - A tentativa de aproximação do presidente Jair Bolsonaro e aliados com o PSL acentuou em setores da legenda uma insatisfação com o presidente da República.

A ala mais resistente à reaproximação é a de São Paulo e é representada pelo deputado Júnior Bozzella, vice-presidente do partido, Major Olimpio, líder do PSL no Senado, e a deputada Joice Hasselmann.

Nesta sexta-feira (21), Bozzella disse que é mais fácil o PSL filiar o ex-ministro Sergio Moro do que filiar Bolsonaro.

Bolsonaro está rompido com o PSL, legenda pela qual se elegeu, desde novembro de 2019, quando se desfiliou do partido para criar o Aliança Pelo Brasil.

 

O presidente da República disse no último dia 13, durante live semanal no Facebook, que conversa com quatro partidos e citou PTB e PSL entre eles. Bolsonaro está rompido com o PSL, legenda pela qual se elegeu, desde novembro de 2019, quando se desfiliou do partido para criar o Aliança Pelo Brasil.

Aliança ainda não conseguiu recolher as fichas necessárias para ser registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e vai ficar fora das eleições municipais deste ano. Admar Gonzaga, ex-ministro do TSE e secretário-geral do Aliança, disse que não sabe se há possibilidade do presidente desistir da criação do partido e voltar ao PSL, mas afirmou que o recolhimento de assinaturas para o registro continua. "Continua forte. Com os cartórios eleitorais fechados estávamos com milhares de fichas represadas", declarou ao Congresso em Foco.

Entre os defensores de um diálogo com o governo está o líder do PSL na Câmara, Felipe Francischini (PR). O próprio presidente nacional do partido, Luciano Bivar, tem adotado um tom conciliatório e citou a possibilidade de extinguir a punição dos deputados bolsonaristas do PSL que participam da criação do Aliança pelo Brasil.

A ala do PSL resistente a Bolsonaro critica o líder do partido na Câmara e diz que ele tem “uma paixão recolhida pelo bolsonarismo” e que é “direito dele como parlamentar militar de forma fisiológica”, mas que isso não deve ser aceito como uma prática do partido.

Francischini nega participar da negociação de ocupação de cargos dentro do governo ou de liberação de emendas em troca de votos.

"Retomada do diálogo, sim. Para debater projetos, pautas. Quanto a nomeações no governo, não. Não debatemos isso nem internamente, e nem com o governo. O partido seguirá independente. Independência pressupõe diálogo com todas as esferas. Participaremos ativamente dos grandes debates para retomada da economia”, disse em julho ao Congresso em Foco.

Bolsonaristas tentam fazer PSL mudar candidatos em 2020 e diretórios estaduais


Bozzella reclama que Jair Bolsonaro mobilizou, no final de 2019, os apoiadores para produzir dossiês e destruir reputações da ala bivarista do partido e citou que o presidente do PSL, Luciano Bivar, foi alvo. “Eu fui vítima também, a Joice foi, Olímpio foi. Os caras dinamitaram as pontes, como tem um clima para reconstruir uma ponte que foi dinamitada por eles?”, disse ao site.

Devem ter buscado uma ponte para fingir uma pacificação, uma reaproximação para tentar ter uma anistia e ter uma vida regular no Parlamento e de repente tirar algum dividendo na eleição municipal, o que acho difícil, o processo está vencido, superado”, disse o deputado.

Bozzella, que é presidente estadual da sigla em São Paulo, disse que não vão prosperar os movimentos para que Bolsonaro retome o controle de diretórios estaduais. Antes de sair do partido, os seus filhos, Flávio e Eduardo, comandavam respectivamente o PSL no Rio de Janeiro e em São Paulo.

O deputado também disse que está mantida a candidatura da deputada Joice Hasselmann à Prefeitura de São Paulo. Nesta semana, bolsonaristas intensificaram nas redes sociais uma torcida para que o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança fosse o candidato.

Já o deputado Sargento Gurgel, presidente PSL no Rio de Janeiro, adotou um discurso menos resistente ao governo do que o de Bozzella, mas diz que não tem expectativas de mudança em diretórios e nos candidatos nas eleições municipais. “Sei pouco sobre isso. Mas acho que só haverá um distensionamento mesmo”.

O senador Major Olímpio também é um dos com discursos mais duros contra Bolsonaro e seu grupo. Ele minimiza o movimento de aproximação e disse que isso é de uma minoria de “moscas varejeiras do partido que ficam se insinuando e se oferecendo no palácio a troco de vantagens pessoais”, disse na semana passada sem citar nomes.