Eu teria vergonha... Um recado pra vocĂȘ!

(Este texto do Alamar foi publicado quando ainda eu escrevia como REVISTADO DO ED e estĂĄ sendo republicado aqui hoje, por se tratar de uma nova forma de mostrar textos antigos e importantes, nas colunas intituladas ARTIGOS DO ALAMAR REGIS e o REPAGINANDO que pretendo publicar todas os sĂĄbados Ă  partir das 19:00 hs.)


EU TERIA VERGONHA...
Existem muitas características do comportamento humano que eu não consigo compreender porque se processam e algumas delas eu posso dizer até que eu teria vergonha.
Eu teria vergonha de subestimar a minha inteligĂȘncia, sendo um fantoche das conveniĂȘncias dos outros, vivendo como os outros querem, falando o que os outros querem ouvir e escrevendo apenas o que os outros querem ler.
Eu teria vergonha de abrir mĂŁo da minha identidade para assumir uma identidade de mentira, apenas para impressionar aos outros.
Eu teria vergonha de abrir mĂŁo da minha personalidade e da minha autenticidade para moldar o que falo e o que escrevo dentro do chamado “politicamente correto”, fazendo o jogo das plateias, para “ficar bem na fita”.

Eu teria vergonha se, tendo conhecimento e experiĂȘncia em algumas ĂĄreas que sei que a maioria dos meus amigos nĂŁo dominam, deixasse de orientĂĄ-los e informĂĄ-los, sĂł porque um imbecil qualquer me manda um e-mail alegando que eu sou metido a "saber de tudo". Jamais pecaria por omissĂŁo, jĂĄ que nĂŁo abro mĂŁo de fazer da internet um instrumento Ăștil.
Eu teria vergonha de ter que construir um barzinho, na sala da minha casa, exibindo diversas opçÔes de bebidas, mesmo consciente das desgraças que a bebida alcoĂłlica causa Ă s famĂ­lias, dentro da necessidade de ter que ser uma marionete dos modismos exigidos pela sociedade. 
Eu teria vergonha de fantasiar os meus escritos e as minhas palestras com palavras difíceis e eruditas, apenas para ostentar um nível de cultura que não tenho, abrindo mão do principal requisito da comunicação que é fazer com que cem por cento das pessoas entendam tudo o que o escritor ou o palestrante quer dizer.
Eu teria vergonha de dar ouvidos Ă queles que criticam os meus escritos e palestras, qualificando-os apenas como “palavreados” as expressĂ”es populares e simples que coloco no meu dizer, que sĂŁo conhecidas e claras para qualquer cidadĂŁo, de qualquer camada social.
Eu teria vergonha de dar ouvidos a um brasileiro omisso, acomodado e irresponsĂĄvel, que se limita apenas a criticar e dizer que quero aparecer, ou fazer propaganda, quando, dispondo-me a fazer a minha parte, faço cobranças Ă s autoridades por qualidade nos serviços pĂșblicos, inclusive incitando o pĂșblico a tambĂ©m fazer sua parte, pressionando e exigindo os seus direitos.
Eu teria vergonha de dar ouvidos Ă queles que dizem que nĂŁo adianta falar nada, nĂŁo adianta fazer nada e nĂŁo adianta tomar providĂȘncia nenhuma contra os desmandos de uma Nação, sob a cĂŽmoda e insana argumentação de que nĂŁo tem jeito e que Ă© malhar em ferro frio. 
Eu teria vergonha de dar ouvidos Ă queles que tanto estimam a forma, vĂȘem valores apenas e somente na forma, desprovidos que sĂŁo de inteligĂȘncia para entenderem que o relevante e mais importante de qualquer mensagem Ă© o conteĂșdo.
Eu teria vergonha de diante de uma matĂ©ria escrita por alguĂ©m, esquecer ou fingir que nĂŁo vi todo o conteĂșdo de utilidade pĂșblica colocado nela, para me apegar numa possĂ­vel vĂ­rgula fora do lugar, num provĂĄvel equĂ­voco de concordĂąncia ou em uma ou outra palavra que o meu moralismo de aparĂȘncia visse como “palavreado” chulo ou vulgar.
Eu teria vergonha de ser mais um a viver submisso ao falso moralismo e Ă s hipocrisias estabelecidas pela religiĂŁo e pelo cinismo da sociedade, privando-me da minha liberdade e tentando cercear a dos outros.
Eu teria vergonha de ser mais um idiota a tratar o sexo como coisa imoral, indecente, proibitivo, perigoso, pecaminoso, obsessivo, passivo de censura e vergonhoso, mesmo sabendo que eu também tenho desejos sexuais e que o pratico.
Eu teria vergonha de julgar as pessoas conforme o meu perfil, principalmente se esse perfil nĂŁo fosse o mais recomendĂĄvel moralmente.
Eu teria vergonha de dizer que eu não valho nada, que eu não fui nada que presta em vida passada e até censurar os que me elogiam, apenas para ostentar uma humildade que não tenho, portanto uma humildade fingida, visando impressionar os outros.
Eu teria vergonha de participar de uma suposta associação de direitos humanos, mas direitos esses reservados somente a bandidos, nunca estando presente quando se faz necessåria a aplicação dos mesmos direitos ao cidadão que não é bandido, como os idosos que são ofendidos pelos seus próprios familiares.
Eu teria vergonha de ser um pai que incentivasse o meu filho a se aproveitar sexualmente das filhas dos outros, e colocar revólver na cintura para tomar satisfação com o filho dos outros que faz o mesmo com a minha filha.
Eu teria vergonha de querer mascarar os meus vĂ­cios dizendo que apenas bebo socialmente e fumo por esporte.
Eu teria vergonha de acusar como elites dominantes os que estudaram, que trabalharam e que adquiriram legalmente e licitamente um confortĂĄvel padrĂŁo de vida, ainda me achando no direito de ser sustentado por eles.
Eu teria vergonha de viver me manifestando como inimigo da Rede Globo, vendo que a maior fonte de lazer dos demais membros da minha família são as novelas e a programação da Globo.
Eu teria vergonha de viver atacando a Microsoft, mas sem abrir mĂŁo de usar programas piratas, principalmente o seu sistema operacional, o Word, o MSN e os seus programas de forma ilegal. Seria muita cara de pau.
Eu teria vergonha de agredir um cidadĂŁo, sĂł porque torce por um clube de futebol considerado rival ao meu.
Eu, como torcedor do Sport, teria vergonha de torcer contra o Santa Cruz, para que ele nĂŁo fosse campeĂŁo mundial.
Eu teria vergonha de tentar converter alguĂ©m Ă  minha religiĂŁo, invadindo a consciĂȘncia das pessoas, sob a argumentação presunçosa de que eu, exclusivamente, tenho a "verdade absoluta".
Eu teria vergonha de ter opiniĂŁo formada sobre tudo, pois preferiria ser uma metamorfose ambulante.
Eu teria vergonha de boicotar, sabotar, censurar e tentar cercear a palavra de alguém, só porque pensa diferente de mim em alguns aspectos.
Eu teria vergonha de, em qualquer meio, participar de campanhas que viessem sugerir a censura de livros, filmes, mĂșsicas e qualquer obra que fosse de alguĂ©m, ainda mais praticando o cinismo de dizer que estou fazendo aquilo em defesa de alguma pureza doutrinĂĄria ou em nome dos tais “bons” costumes.
Eu teria vergonha de viver tentando forçar a barra para que alguĂ©m me ame, forçando a pessoa, utilizando-me do ridĂ­culo ciĂșme e da estĂșpida chantagem sentimental.
Eu teria vergonha de conviver com alguĂ©m, tendo-o como objeto pessoal meu, a ponto de viver cobrando desse alguĂ©m para onde vai, com quem falou, quem ligou para ele ou ela no telefone e porque estĂĄ olhando para outra pessoa. QuĂŁo ridĂ­culo seria eu em querer fazer alguĂ©m de fantoche das minhas conveniĂȘncias.
Eu teria vergonha de dizer que as minhas manifestaçÔes apaixonadas, de ciĂșmes, de cobranças, de posse e de chantagens sĂŁo manifestaçÔes de Amor.
Eu, como mãe ou como pai, teria vergonha de apelar para conquistar a atenção e o carinho dos meus filhos, apenas a custa de chantagens sentimentais ou impondo autoridade paterna.
Eu teria vergonha de tratar os meus avĂłs e talvez os prĂłprios pais, quando idosos, considerando-os como trapos velhos, depositando-os nos fundos da casa, como sendo incĂŽmodos para a famĂ­lia.
Eu teria vergonha de, mesmo vivendo no paĂ­s campeĂŁo mundial de assassinatos e de mortes violentas, ainda ter a cara de pau de dizer que vivo no melhor paĂ­s do mundo e que Ă© paĂ­s de gente pacĂ­fica.
Eu teria vergonha de dizer que odeio a polĂ­cia, mas quando em situação difĂ­cil, com um assaltante na iminĂȘncia de invadir a minha casa, a primeira coisa que faço Ă© ligar para o 190.
Eu teria vergonha, se fosse um jogador de futebol negro famoso, fazer questão de namorar loiras, e ainda teria a cara de pau de reclamar contra discriminaçÔes aos negros.
Eu teria vergonha, se fosse negro, de requerer cota especial para entrar na universidade, porque estaria admitindo ser raça inferior e de inteligĂȘncia limitada. NĂŁo saberia onde enfiar a minha cara, de vergonha.
Eu teria vergonha de conceber Deus com as mesmas paixÔes, os mesmos sentimentos mesquinhos, vícios e as mesmas imperfeiçÔes da raça humana, inclusive concebendo-o como orgulhoso, vingativo, indecente e até criminoso.
Eu teria vergonha se diante de uma pessoa abusada, mal educada, estĂșpida, agressiva, chantagista e inconveniente, nĂŁo utilizasse de postura enĂ©rgica e dura em relação a ela, absolutamente necessĂĄria, preferindo dar uma de bonzinho e paciente, apenas para dar impressĂŁo aos outros de que sou caridoso.
Eu teria vergonha, se juiz fosse, de omitir de botar na cadeia um criminoso que assassinou pessoas, dirigindo bĂȘbado, limitando-me apenas a condenĂĄ-lo a pagar fiança ou distribuir cestas bĂĄsicas.
Eu teria vergonha, se fosse deputado ou senador, em colocar na presidĂȘncia do Congresso Nacional um elemento comprovadamente corrupto, safado e sem vergonha, explicitamente milionĂĄrio Ă  custa de corrupção, carregado de processos por imoralidade polĂ­tica.
Eu teria vergonha de entrar na polĂ­tica, com discurso demagogo de servir ao povo, quando na realidade as minhas atitudes seriam de servir a mim mesmo, aos meus familiares e as minhas conveniĂȘncias.
Eu teria vergonha de ver e constatar que determinado cidadão ficou milionårio à custa da política, ver todas as características de que ele é corrupto e ladrão, mas votar nele na próxima eleição.
Eu teria vergonha de fingir que nĂŁo vejo o pĂ©ssimo estado que estĂĄ a minha cidade, o meu estado ou o meu paĂ­s, sĂł porque ele estĂĄ sendo governando pelo partido que eu me apaixonei, dizendo que estĂĄ tudo bem e tudo maravilhoso, expondo-me ao ridĂ­culo e exibindo a minha inteligĂȘncia de minhoca.
Eu tenho que parar, mas estou aqui morrendo de vergonha de deixar de relacionar mais algumas dezenas ou talvez centenas de reflexÔes como estas, para ser conveniente àqueles que criticam os textos, por acharem grandes demais, porque só gostam de ler as coisas resumidas, adoram formar as suas culturas em resumo, se conformando em ter cultura miojo, deixando de considerar aqueles que gostam de se aprofundar mais nos assuntos.












Esse texto, foi escrito por Alamar Regis Carvalho e enviado por ele por e-mail, as pessoas que sĂŁo cadastradas em seu banco de dados do qual faço parte. Como o texto tem tudo Ă  ver com a realidade de nosso dia a dia, trouxe-o para apreciação de todos.


Alamar RĂ©gis Carvalho Ă© analista de sistemas, palestrante espĂ­rita, escritor e ANTARES no sistema DINASTIA. Acesse o site dele www.alamarregis.com ou lhe envie um e-mail para alamarregis@redevisao.net
Confiram sua proposta de um partido novo www.partidovergonhanacara.com 



(Este texto do Alamar foi publicado quando ainda eu escrevia como REVISTADO DO ED e estĂĄ sendo republicado aqui hoje, por se tratar de uma nova forma de mostrar textos antigos e importantes, nas colunas intituladas ARTIGOS DO ALAMAR REGIS e o REPAGINANDO que pretendo publicar todas os sĂĄbados Ă  partir das 19:00 hs.)