Os desencarnes coletivos e a visão espírita.


Por diversas vezes e em diversos lugares encontramos situações como esta recente, em Santa Maria no Rio Grande do Sul. E na grande maioria das vezes nos pegamos à pensar: porque será que Deus permite tais flagelos e tantas dores, principalmente para os parentes e amigos dos que ficam nestes acontecimentos que comovem a humanidade? Cada um e consequentemente, cada religião tem sua forma de enxergar esta realidade à sua maneira, dando cada qual suas opiniões, que nem sempre são consoladoras.


Aqui no ocidente, para nossos irmãos católicos e protestantes, caso alguém lhes pergunte sobre tais acontecimentos, temos como simples resposta de que "foi Deus quem quis assim". E por ser "designo de Deus", não podemos perguntar mais nada. E só temos duas alternativas, nos contentar ou nos revoltar contra tais "arbitrariedades". Afinal, muita gente inocente morre de uma outra pra outra, e em sua grande maioria, jovens com uma vida perene pela frente, perdida em poucos instantes.

Mas, afinal o que pensam os ditos espíritas com respeito à tais acontecimentos?

Faz alguns anos que aconteceu um dos maiores incêndios noticiados pelos principais jornais de todo o mundo e que dizimou muitas pessoas, entre jovens e adultos. Abaixo temos um pequeno vídeo de um ano após o acontecido.


Outros e outros acontecimentos já se deram em diversas partes do mundo deixando muitos em situação de desespero, descrença e revolta. Relembremos o Japão, recentemente com um outro Tsunami.


Para uns, estamos no fim dos tempos, diante de acontecimentos como estes. No entanto, para os espíritas a visão é bem outra, além da materialidade passageira das coisas.

Vejamos a opinião do conhecido palestrante espírita, Divaldo Pereira Franco em se falando de fim do mundo, segundo as previsões perante alguns religiosos fanáticos.


Analisando o livro dos espíritos (livro que é feito de perguntas e respostas, tendo sua primeira edição vinda ao mundo no ano de 1857) encontramos as questões 737 até a questão 741 quando Allan Kardec pergunta aos espíritos, tratando sobre questão referentes aos "flagelos destruidores" encontramos o seguinte diálogo:

      737. Com que fim Deus castiga a Humanidade com flagelos destruidores?
      — Para fazê-la avançar mais depressa. Não dissemos que a destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem em cada nova existência um novo grau de perfeição? E necessário ver o fim para apreciar os resultados. Só julgais essas coisas do vosso ponto de vista pessoal, e as chamais de flagelos por causa dos prejuízos que vos causam; mas esses transtornos são freqüentemente necessários para fazer com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos (1). (Ver item 744.)
      738. Deus não poderia empregar, para melhorar a Humanidade, outros meios que não os flagelos destruidores?
      — Sim, e diariamente os emprega, pois deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. E o homem que não os aproveita; então, é necessário castigá-lo em seu orgulho e fazê-lo sentir a própria fraqueza.
      738 – a) Nesses flagelos, porém, o homem de bem sucumbe como os perversos; isso é justo?
      — Durante a vida, o homem relaciona tudo a seu corpo, mas, após a  morte, pensa de outra maneira. Como já dissemos, a vida do corpo é um quase nada; um século de vosso mundo é um relâmpago na Eternidade. Os sofrimentos que duram alguns dos vossos meses ou dias, nada são. Apenas um ensinamento que vos servirá no futuro. Os Espíritos que preexistem e sobrevivem a tudo, eis o mundo real. (Ver item 85.) São eles os filhos de Deus e o objeto de sua solicitude. Os corpos não são mais que disfarces sob os quais aparecem no mundo. Nas grandes calamidades que dizimam os homens, eles são como um exército que, durante a guerra, vê os seus uniformes estragados, rotos ou perdidos. O general tem mais cuidado com os soldados do que com as vestes.
      738 – b) Mas as vítimas desses flagelos, apesar disso, não são vítimas?
      — Se considerássemos a vida no que ela é, e quanto é insignificante em relação ao infinito, menos importância lhe daríamos. Essas vítimas terão noutra existência uma larga compensação para os seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem lamentar.
Comentário de Kardec: Quer a morte se verifique por um flagelo ou por uma causa ordinária, não se pode escapar a ela quando soa a hora da partida: a única diferença é que no primeiro caso parte um grande número ao mesmo tempo.
      Se pudéssemos elevar-nos pelo pensamento de maneira a abranger toda a Humanidade numa visão única, esses flagelos tão terríveis não nos pareceriam mais do que tempestades passageiras no destino do mundo.
      739. Esses flagelos destruidores têm utilidade do ponto de vista físico, malgrado os males que ocasionam?
     — Sim, eles modificam algumas vezes o estado de uma região; mas o  bem que deles resulta só é geralmente sentido pelas gerações futuras.
     740. Os flagelos não seriam igualmente provas morais para o homem, pondo-o às voltas com necessidades mais duras?
     — Os flagelos são provas que proporcionam ao homem a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar a sua paciência e a sua resignação ante a vontade de Deus, ao mesmo tempo que lhe permitem desenvolver os sentimentos de abnegação, de desinteresse próprio e de amor ao próximo, se ele não for dominado pelo egoísmo.
     741. E dado ao homem conjurar os flagelos que o afligem?
     — Sim, em parte, mas não como geralmente se pensa. Muitos flagelos são as conseqüências de sua própria imprevidência. Á medida que ele adquire conhecimentos e experiências, pode conjurá-los, quer dizer, preveni-los, se souber pesquisar-lhes as causas. Mas entre os males que afligem a humanidade, há os que são de natureza geral e pertencem aos desígnios da Providência. Desses, cada indivíduo recebe, em menor ou maior proporção, a parte que lhe cabe, não lhe sendo possível opor nada mais que a resignação à vontade de Deus. Mas ainda esses males são geralmente agravados pela indolência do homem.
Comentário de Kardec: Entre os flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocados em primeira linha a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais à produção da terra. Mas o homem não achou na Ciência, nos trabalhos de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições higiênicas, os meios de neutralizar ou pelo menos de atenuar tantos desastres? Algumas regiões antigamente devastadas por terríveis flagelos não estão hoje resguardadas? Que não fará o homem, portanto, pelo seu bem-estar material, quando souber aproveitar todos os recursos da sua inteligência e quando, ao cuidado da sua preservação pessoal, souber aliar o sentimento de uma verdadeira caridade para com os semelhantes? (Ver item 707.)


(1)  Esta resposta coloca de maneira bem clara o problema dos “saltos” da Natureza, de que tratamos em nota anterior. “O salto qualitativo” a que se refere a dialética marxista, e que para alguns contradiz a ordem evolutiva da doutrina espírita, é exatamente essa espécie de “transtornos” que apressam o desenvolvimento. Como se vê, o Espiritismo reconhece a existência e a necessidade desses “transtornos”, mas integrados no processo geral da evolução, não os admitindo como quebra desse processo. (N. do T.)
Como falei acima,  cada um tem sua opinião com respeito aos grandes desastres que via de regra alarmam a humanidade, deixando alguns à beira da descrença, ou entregues ao fanatismo de suas crenças. Sem querer entrar na linha de pré julgamento, antes, porém, analisando a situação em si. 
Mas e você leitor amigo, o que pensa? Qual a sua visão? Que opinião daria para tais acontecimentos?